“Meu primeiro contato com a bebida foi aos 5 anos. Bebi muito, ei mal e dormi a tarde toda até a noite do outro dia”. A memória é de Benedito da Silva,71, que sofre com o alcoolismo há décadas. A dependência já o fez dormir na rua, ter “apagamentos” e enfrentar problemas com a Justiça. A busca por ajuda o motivou integrar o grupo Alcoólicos Anônimos (AA), ainda nos anos 1980. O problema do comunicador aflige milhões de pessoas no mundo todo e causa danos não só para quem consome bebidas alcoólicas descontroladamente, mas à família e o trabalho. 3h3g2k
De acordo com o relatório Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgado pelo Ministério da Saúde em 2023, houve aumento no consumo abusivo de álcool entre os brasileiros. Os novos números mostram que a população geral teve um aumento de 18,4% para 20,8% entre 2021 e 2023 na ingestão de bebidas alcoólicas.
Entre pessoas do sexo masculino, este aumento foi de 25% para 27,3% no período, e entre pessoas do sexo feminino este aumento foi de 12,7% para 15,2%.
Conforme Benedito Silva, aos 15 anos começou a ingerir bebidas cada vez mais fortes e na faculdade a vontade de beber era constante. Só não o fazia porque a família impedia. Mas quando estava sozinho, bebia sem parar. Ele lembra que esperava os parentes saírem de casa para procurar a bebida. Conta que esperava a família sair pra começar consumir.
Diante do descontrole, ele procurou o AA, que, na época, ainda estava em fase de implantação na Capital. O primeiro dia de visita aos encontros foi após uma grande bebedeira. Desde então ele não abandonou as reuniões e está sóbrio há 27 anos.
Em entrevista ao , Antônio, 71, diretor de uma das unidades do AA em Cuiabá, contou que começou consumir bebidas alcoólicas depois de formado, quando conseguiu emprego com bom salário.
“Eu sou membro do Alcoólicos Anônimos há 37 anos. Entrei para o grupo para recuperação e até hoje faço parte, sou um dos diretores e membro de um dos escritórios em Cuiabá para fazer acontecer”, relatou.
O AA foi implantado em Mato Grosso em 1973 e hoje são cerca de 50 grupos no estado. Informações sobre as reuniões podem ser obtidas por meio do Escritório de Serviços Locais (ESL), na rua Antônio Maria, 130 - Ed. Anna Paula - 1º Andar - Sala 10 - Centro - CEP: 78.005-420 - Cuiabá – MT. Fones: (65) 3321-1020 e (65) 9699-9554. E-mail: [email protected].
Nas reuniões, os membros trocam experiências e motivação para se manterem longe do vício.
Em 18 de fevereiro foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, criado com objetivo de esclarecer e alertar a população sobre os danos que o consumo excessivo de bebida alcoólica causa no organismo. A data também incentiva a procura por ajuda profissional para deixar o vício. O AA é uma das alternativas de apoio para a sobriedade.
Com tratamento totalmente gratuito, os grupos são de ajuda mútua para sair da dependência e manutenção a fim de evitar recaídas.
Além do AA há também os Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps), que são unidades de saúde feitas para atender gratuitamente quem precisa tratar o alcoolismo. O acompanhamento é feito por médicos, psicólogos e terapeutas. Também há abertura para a participação da família.
Quando o dependente mora em uma cidade que não tem o Caps, ele pode procurar uma unidade tradicional (que cuida da saúde mental) ou unidade de básica de saúde do município. Caso haja necessidade de internação, é a própria unidade que faz a solicitação e encaminha o paciente para alguma das instituições associadas.
*Benedito da Silva é um nome fictício para preservar a identidade da fonte