Pesquisa aponta contaminação de população por agrotóxico em três cidades de MT
Fonte: Da Redação 16/11/2024 ás 10:00:50 2462 visualizações

Contaminações no ecossistema, alimentos, animais e em humanos - neste último, resultando em doenças crônicas. Esses são os resultados apontados por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sobre os impactos da exposição a agrotóxicos em todo o território de municípios da região Oeste de Mato Grosso, que são conhecidos pelo forte domínio do agronegócio: Campo Novo do Parecis, Campos de Júlio e Sapezal. 2z3g3t

Publicado em agosto, o estudo intitulado “Pesquisa participativa com populações expostas aos agrotóxicos em Mato Grosso: aspectos metodológicos e desafios políticos” foi realizado entre 2015 e 2019. Os pesquisadores afirmaram que escolheram esses municípios da bacia hidrográfica do rio Juruena, pois compõem as bacias do rios Tapajós e Amazonas, responsáveis por banhar 70% do território do estado de Mato Grosso. 

Além disso, as três cidades se configuram como “território emblemático das confluências e divergências entre população, latifundiários, agricultores familiares e povos originários” e estão entre os maiores produtores do estado de commodities agrícolas - soja, milho e girassol.

De acordo com os autores da pesquisa, quando pulverizados, os agrotóxicos não alcançam somente as espécies a serem controladas nas lavouras, mas todo o ecossistema da região onde foram aplicados.

“Apesar da exposição ambiental, ocupacional e alimentar aos agrotóxicos, parece haver um silenciamento das notificações mediante pressões políticas que priorizam a economia em detrimento da saúde da população”Trecho da pesquisa

“Em relação à exposição ambiental per capita por agrotóxicos, no ano de 2015, em Campos de Júlio, chegou a 606 litros/hab; em Sapezal, 364 litros/hab; e em Campo Novo do Parecis, 209 litros/hab. Sendo que, juntos, representam um valor 8,5 vezes acima da média estadual, o que justifica a escolha do local para o desenvolvimento da pesquisa”, diz trecho do estudo.

Também fortaleceram o início do estudo as denúncias da comunidade indígena Paresí, devido à contaminação de suas águas pelas atividades do agronegócio, e também do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública de Mato Grosso (Sintep-MT), diante da contaminação por agrotóxico da água potável de escolas da região.

Consequências e casos "silenciados"

Durante o estudo, foram realizadas coletas de água (chuva, rios e água potável de poços artesianos), ar, alimentos (legumes, verduras, bovinos e peixes), commodities agrícolas (soja, milho, girassol, sementes de algodão) e amostras humanas (sangue e urina). 

Também foram aplicados questionários para identificar condições de saúde associadas à pulverização de agrotóxicos - a chamada “nuvem de veneno” - para o levantamento do perfil de morbidade dos moradores da região. 

Dentre uma diversidade de agravos preenchidos estão aborto espontâneo, malformação, alergias, irritação nas mucosas, baixa imunidade, diarreia, dor de cabeça, mal-estar, problemas respiratórios, câncer, doenças renais, ansiedade e depressão.

Os resultados obtidos por meio dos questionários evidenciaram que diversos trabalhadores tiveram episódios de intoxicação por agrotóxicos e não procuraram o serviço de saúde; e para os que procuraram, não houve a notificação da intoxicação exógena por agrotóxico.

“Apesar da exposição ambiental, ocupacional e alimentar aos agrotóxicos, parece haver um silenciamento das notificações mediante pressões políticas que priorizam a economia em detrimento da saúde da população”, afirmam os pesquisadores. 

Devido a isso, uma das iniciativas dos pesquisadores foi encaminhar os resultados da pesquisa, ainda no ano de 2018, às secretarias de Saúde de Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis e Sapezal. 

“Diante desses impactos negativos do agronegócio, tem-se o desafio de compreender, comprovar e divulgar a imposição dos malefícios dos agrotóxicos às populações, aos trabalhadores e ao ambiente em que eles residem. Desse modo, parte-se do princípio de que se a população é obrigada a ar, ela tem o direito de o ao conhecimento desses processos”, destacam os pesquisadores.

Outro lado

O  entrou em contato com as prefeituras dos três municípios, no intuito de verificar se estariam realizando medidas para melhoria nas condições de saúde e alimentação da população, após a devolutiva da pesquisa. Entretanto, a reportagem não obteve resposta até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

Enviar um comentário
Comentários
Mais notícias
Curta nossa fã page
TV Pantaneira veja mais
Mais lidas
DEDICAÇÃO
Nei transforma sonho em riqueza e gera vários empregos em Poconé l6h4
MARIA DA PENHA
Polícia Civil prende homem que ameaçou matar sua ex-esposa r2n3a
ATOS OFICIAIS
Prefeitura exonera vários servidores comissionados contratados em Poconé 51mp
TRÁFICO
Poconeana é presa com droga escondida em parte íntima durante visitação 2h6a53
CRIMES
Em depoimento, caseiro revela que alugou arma para matar o advogado 5l14d
TEMPO
Frente fria derruba temperaturas em todo estado de Mato Grosso 5w2m3a
Enquete
Qual sua avaliação sobre os primeiros 100 dias de governo da gestão Dr. Jonas
Últimas notícias
VERBAS
Poconé está inadimplente com Consórcio Vale do Rio Cuiabá e pode perder recursos 3zo3t
VARZEA GRANDE
Sargento é baleado e empresário morre em troca de tiros em VG 3r5h3o
TRABALHO
Mato Grosso é o 3º estado com desenvolvimento em emprego e renda no país w5u1v
DECISÃO
Ex-prefeito deve indenizar Mauro em R$ 20 mil por chamá-lo de um corrupto 1mt3e
HOMICIDIO
Bandido invade casa e mata mulher a tiros em cidade de Mato Grosso 85i1k
QUEIMADAS
Polícia Civil prende gerente de fazenda em Poconé por provocar incêndio 5z143e