Fotos que exaltam a cultura e a tradição de Mato Grosso foram expostas pelas ruas de Medellín, na Colômbia, em uma exposição à céu aberto, que contou com as obras de cinco artistas mato-grossenses. 2q2tf

A lavagem das escadarias da Igreja do Rosário, a Dança dos Mascarados, a Cavalhada, o cotidiano ribeirinho e as vivências na Comunidade Quilombola de Mata Cavalo estão entre os registros que compõem o projeto artístico-visual promovido pela Faculdade de Artes Visuais e o programa de fotografia da Fundação Universitária Bellas Artes, FUBA, do país latino.

Em sua 5° edição, o Circuito Fotográfico ocorre anualmente na cidade colombiana e, desta vez, o país convidado foi o Brasil. Com uma exposição denominada ‘RE-EXISTÊNCIAS’, nesta edição, seu conteúdo temático girou ao redor da cultura visual e o universo festivo como expressões da identidade.

Ao todo, foram 24 fotografias expostas em grande formato, onde todo e qualquer habitante e turista que ou por Medellín teve a oportunidade de observar um pouco da cultura mato-grossense.

Com curadoria do historiador brasileiro e docente do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Thiago Costa, e os docentes e investigadores da FUBA, Enrique Aguirre e Pablo Santamaría, eles avaliam que “a tradição festiva popular de ambos os países nos une na diversidade que revela a fotografia, como uma maneira de reafirmar nossa identidade como povo sul-americano".

Entre os fotógrafos estão Emanoele Daiane, Léo Alves, Fernando Neri, Victor Azambuja e Paulisson Miura.

Em conversa com o HNT, os artistas compartilharam os registros e falaram um pouco sobre cada um. Veja:

Emanoele Daiane  – Grupo de Dança dos Mascarados na Festa de São Benedito

“Desde 2016, eu fotografo a procissão de São Benedito. É um projeto pessoal de documentação da fé cuiabana, que possui esse santo de devoção, e tento mostrar isso tudo através das minhas fotos. Em Poconé, também acontece a Dança dos Mascarados no mesmo período. Eu fiz essas fotos este ano, em 2023, quando eles foram convidados para se apresentar na festa de Cuiabá. Não sei explicar, deve ser por conta das cores, mas existe toda uma riqueza nessa foto que eu fiquei muito feliz em vê-la exposta”, disse à reportagem.

“A minha foto selecionada foi feita no dia da lavagem das escadarias da Igreja do Rosário e São Benedito. É a foto da mão de uma das participantes das festividades, ela estava segurando um adjá, que é um instrumento utilizado em religiões de matrizes africanas. Essa é uma foto que mexe muito comigo, eu gosto muito, porque além de retratar um pouco da cultura que nós temos aqui em Cuiabá e no Brasil, como a própria a lavagem das escadarias, celebra essa pluralidade cultural e religiosa”.

Fernando Neri – Tradicional Cavalhada de Poconé

"Eu faço fotos documentais de Cuiabá desde o início de 2020 na tentativa de retratar, com a minha perspectiva, recortes das celebrações tradicionais no Estado. As fotografias exibidas no evento tinham o objetivo de formar uma espécie de mosaico do estado brasileiro de Mato Grosso. No meu caso em particular, eu tentei apresentar o colorido dos folguedos da cultura tradicional nas Cavalhadas de Poconé, um evento de tradição secular no Estado”.

“Minha foto tem como nome ‘Mata Cavalo, curral’. Eu tirei essa foto na Comunidade Quilombola Mata Cavalo de Cima, na zona rural do município de Nossa Senhora do Livramento. Ela mostra estruturas, ou armações, de cavalos utilizados durante danças e ritos tradicionais da Comunidade”.

"Desde de adolescente, me interesso por fotografia. Procurei me aprofundar mais quando comecei a estudar arquitetura. Eu gosto de fotografar elementos urbanos: a arquitetura, as ruas e as pessoas. Tento destacar formas, geometrias e linhas que compõem o campo visual. Eu mandei duas fotos, uma de um pescador no rio Cuiabá, na região do Distrito da Guia, em um momento que me chamou muita atenção, pela calmaria do pescador. Quase como uma meditação. E a outra, da torre da Igreja do Rosário e São Benedito, visto do calçadão na Galdino Pimentel. Essa imagem, acho que mostra bem a disparidade da igreja ali ao fundo e a densidade dos elementos urbanos”.