Soldados da Polícia do Exército que patrulham as cercanias da nova residência do tenente-coronel Mauro Cid, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília, foram claros ao ar a nova determinação: a área, agora, é considerada “sensível”. 1246f
A chegada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, há uma semana, mudou a rotina da rua onde moram outros oficiais. Cid firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, deixou a cadeia após quatro meses e seis dias e trocou a cela de cerca de 20 metros quadrados por uma residência com metragem cerca de cinco vezes superior.
Na rua, militares aram a se revezar 24 horas por dia na vigilância, sempre posicionados a cerca de 50 metros da casa do tenente-coronel. Quando veículos estranhos se aproximam, a abordagem é imediata — aos motoristas, é pedido que não estacionem na via. Vizinhos evitam comentários, e alguns até demonstram surpresa com a informação sobre a presença do novo morador.
O GLOBO acompanhou por uma semana a rotina de Cid, que não pode deixar a residência à noite e aos finais de semana, usa tornozeleira eletrônica e está impedido de ter contato com outros investigados — as exceções são a mulher, Gabriela Cid, com quem mora; a filha, que também vive ali; e o pai, o general Mauro César Lourena Cid, que visita o filho diariamente. O ex-ajudante de ordens também precisa se apresentar semanalmente à Justiça, às segundas.
Quando foi preso, em maio, Cid morava na Quadra dos Generais, um condomínio fechado dentro do SMU reservado aos militares de alta patente. A família agora se mudou para uma casa menor, na Vila Militar, na mesma região.
Desde a soltura, Cid tem saído pouco de casa, que não tem muros e fica perto de um hospital e do clube do Exército. Mesmo em um carro com película escura, evita a saída principal da vila, onde está mais sujeito à exposição — ele costuma ficar no banco da carona, com a mulher dirigindo. A cerca de cem metros da residência, há uma praça arborizada e um ponto de ônibus movimentado.