A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) enviou duas mensagens de áudio ao hacker Walter Delgatti Neto, no ano ado, pedindo a ele para localizar o endereço de um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília. 36551a
Preso desde agosto deste ano, Delgatti afirmou à Polícia Federal e à I dos Atos Golpistas que foi contratado pela parlamentar para participar de ataques à credibilidade das urnas eletrônicas, aos sistemas do Judiciário e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O hacker foi citado em vários trechos do relatório final da I, aprovado na última quarta-feira (18).
Procurada pela reportagem, Zambelli diz – mesmo após ouvir os áudios e ver o "print" das mensagens – que não se lembra do contexto da conversa, ocorrida há quase um ano. A parlamentar afirma que "certamente não era nada ilícito".
Zambelli diz ainda que não tem como verificar o contexto da conversa porque seu celular foi apreendido pela Polícia Federal, no contexto da apuração sobre o hacker. A deputada afirma que contratou Delgatti para cuidar de suas redes sociais e seu site, mas nunca pediu que ele cometesse crimes.
A defesa de Zambelli refuta as acusações feitas por Delgatti e diz que a deputada "desconhece o contexto dessa conversa divulgada". Leia a nota na íntegra.
Delgatti encaminhou os dois áudios de Zambelli para um amigo dele que mora no interior de São Paulo, junto com mensagens atribuídas à parlamentar.
Segundo investigadores, o hacker tinha o costume de exibir a pessoas próximas que mantinha relações com políticos e famosos.
O print de tela indica que Delgatti encaminhou os áudios no dia 26 de novembro de 2022. Três dias antes dessa data, Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), havia rejeitado uma ação que contestava a eleição e multado em R$ 22,9 milhões o PL, partido de Zambelli e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Ô Walter, não aparece nenhum endereço de Brasília, né? Precisava do endereço daqui de Brasília", diz a voz de Zambelli no primeiro arquivo de áudio, com duração de seis segundos.
"Não, não pode ser, porque quadra é prédio, e ele deve morar numa casa no Lago Sul, alguma coisa assim. Deve ser coisa do STF. Isso provavelmente deve estar nos arquivos do STF como casa... casa tipo... funcional, entendeu?", diz a parlamentar no segundo áudio, de 18 segundos. Veja o print e o ouça os áudios abaixo: